Os Filhos de Deus e a Cultura Popular - Mauro Meister
Os Filhos de Deus e a Cultura Popular
Por Mauro Meister
Quando
Deus determinou criar a raça humana, ele estabeleceu alguns propósitos e
parâmetros para um bom relacionamento entre Criador e criatura. Esses
propósitos e parâmetros são descritos pela Bíblia e por nossa teologia
na forma de uma aliança. Deus fez uma aliança com a criatura e
estabeleceu pelo menos três diferentes mandatos para a humanidade: o
mandato espiritual (seu relacionamento com o Criador), o mandato social
(seu relacionamento em família) e o mandato cultural (seu relacionamento
com a sociedade). Não estarei surpreendendo ninguém se disser que
quebramos os três! O homem negou seu Criador, desobedecendo as suas
ordens, quebrou os seus elos familiares com mentiras, acusações e
esquivando-se de suas responsabilidades (Adão e Eva - marido e esposa -
Caim e Abel - irmãos) e desenvolveu o mandato cultural da pior forma
possível (poligamia, assassinato, brutalidade, etc.). Por curiosidade,
verifique Gênesis 4:17-23. Coisas boas aconteceram, mas as ruins... prevaleceram.
“17Caim
teve relações com sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Enoque.
Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome do seu filho Enoque. 18A Enoque nasceu-lhe Irade, Irade gerou a Meujael, Meujael a Metusael, e Metusael a Lameque. 19Lameque tomou duas mulheres: uma chamava-se Ada e a outra, Zilá. 20Ada deu à luz Jabal, que foi o pai daqueles que moram em tendas e criam rebanhos. 21O nome do irmão dele era Jubal, que foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. 22Zilá
também deu à luz um filho, Tubalcaim, que fabricava todo tipo de
ferramentas de bronze e de ferro. Tubalcaim teve uma irmã chamada Naamá.
23Disse Lameque às suas mulheres: "Ada e Zilá, ouçam-me;
mulheres de Lameque, escutem minhas palavras: Eu matei um homem porque
me feriu, e um menino, porque me machucou.”
Gênesis 4:17-23
Este
artigo vai tratar do problema da quebra do terceiro mandato – o
cultural. Como os cristãos podem e devem relacionar-se com o que tem
acontecido no nosso mundo? Quais devem ser os nossos limites e a nossa
influência na cultura em que vivemos? O que de fato tem acontecido com
os cristãos na modernidade?
É fundamental que, antes de mais nada, o cristão conheça a sua cidadania: "Eles continuam no mundo... Eles não são do mundo..." (João 17:11,16).
Nós somos cidadãos dos céus, mas as nossas passagens para lá ainda não
chegaram, e enquanto estamos aqui temos muito que fazer, sem
esquecermos, no entanto, que somos de lá. O problema é que além de
sermos muitos parecidos com o pessoal do lado de cá, muitas vezes nos
deixamos influenciar com os erros do mundo, desobedecendo ao mandato
cultural.
Observando
o que acontece nos Estados Unidos, de onde as missões que nos trouxeram
o evangelho saíram, pode-se observar como as coisas estão se
deteriorando rapidamente, e mais rápido ainda, chegando aqui. Ao
contrário do nosso Brasil, os Estados Unidos nasceram de ideais
religiosos, recebendo forte influência da Palavra de Deus. Hoje é
proibido falar em Deus nas escolas públicas (professores que por ventura
o façam correm o risco de ser demitidos); o mesmo povo que luta por
salvar as baleias (o que se deve fazer), luta pela legalização do aborto
e igualdade para os homossexuais (algo semelhante acontecendo no Brasil
em 1997/98?). Onde chegamos!? Ora, estes são apenas exemplos dos
extremos. Muitas coisas bem pequeninas têm influenciado comunidades
inteiras de cristãos (estou falando de verdadeiros cristãos e não dos
que apenas se chamam assim), e essas pequenas influências vão se
tornando imensos tropeços. Por favor, não me entenda mal. Não estou
defendendo nenhum isolacionismo cristão (a história já comprovou que os
monastérios não funcionam). Isto é errado. Mas penso que os cristãos
precisam conhecer melhor o terreno em que estão pisando.
Como
esta influência nos assalta? Já que nos livramos dos perigos de
imperadores malucos como Nero e de ameaças terríveis como o Coliseu (a
propósito, não há evidências claras de que cristãos tenham morrido no
Coliseu), como livrar-nos da má influência cultural? (Por favor, não é
livrar-se da cultura, mas do que é podre nela). Em primeiro lugar,
entendendo-a (devo estas ideias ao Dr. Kenneth Meyer em seu livro All God's Children and Blue Suede Shoes ["Todos os Filhos de Deus e Sapatos Azuis de Veludo" esta
última parte referindo-se a uma música muito popular cantada por Elvis
Presley] e ao Dr. David Wells, preletor no Francis Schaeffer Institute,
Covenant Theological Seminary, Saint Louis, EUA, em setembro de 1992).
O
grande problema que temos ao enfrentar a chamada "cultura popular" é
que na verdade somos moldados por ela, não só naquilo que pensamos e
sentimos, mas na forma como pensamos e sentimos. Como isso aconteceu?
Primeiro,
filosoficamente. O fato é que os "grandes filósofos" conseguiram
destruir toda a base para que o homem continue crendo em verdades
absolutas. Tudo é relativo tudo é meia-verdade (não meia-mentira). Nos
meios sociais a ideia de "contar uma mentirinha de vez em quando" é
muito comum, afinal, foi por uma boa causa, não é mesmo? A cultura
moderna apresenta uma boa oportunidade para muitos aproveitarem e serem
'meio-cristãos' (precisamos urgentemente de uma teologia da
meia-salvação, se é que já não inventaram). Portanto, nosso primeiro
grande problema diante da cultura popular é a relativização da verdade.
Em
segundo lugar, a cultura popular especializou-se em oferecer-nos
gratificação instantânea (depois da Polaroid, o que falta inventar -
lembranças eternas reveladas instantaneamente - nem acabamos de viver o
momento e já o trocamos pela foto). Nós, cristãos modernos, estamos
mergulhados na nossa cultura sem perceber o que de mal ela pode nos
fazer. Faça um auto teste de QCP (Quociente de Cultura Popular).
Se
você for comprar uma TV, você prefere com controle ou sem controle? Se
for fazer compras, qual a loja lhe chama mais a atenção, a loja com
entrega imediata ou sem entrega imediata? Se for a um restaurante,
prefere um com bufê ou aquele demorado a la carte? O
telefone, sem fio ou com fio? (eu sempre preferi os primeiros). Faça as
contas de quantos aparelhos de TV, rádios, gravadores, vídeo cassetes,
CDs, PCs, Fax, telefones e demais controles remotos você tem em casa.
Por aí dá para se tirar uma ideia. O ter estas coisas todas não é o mal,
deixar que elas moldem seus desejos é muito ruim. Se eu posso ter isto
imediatamente, por que deixar para amanhã? (a mesma ideia da cultura
inflacionária). Ora, tudo isto que a cultura Pop nos oferece matou
outros valores que certamente demandam mais tempo. Por exemplo, por que
perder tempo lendo um livro se eu posso ver o filme? E o pior, por que
fazer algo que demanda da minha mente se eu tenho quem pensa por mim?
Aqui
está, creio eu, o grande perigo para todos os cristãos com alto QCP. A
cultura popular não só se especializou em gratificação imediata como
também em moldar a mente daquele a quem gratifica. Ela lhe diz o que é
bom e você perde o direito de pensar e analisar o que é realmente bom e
agrada a Deus.
A
cultura da gratificação instantânea invadiu a igreja! Esta foi a última
arma do inimigo para destruir os filhos de Deus, e tem funcionado bem.
Já há algum tempo temos as igrejas instantâneas, os crentes
instantâneos, as curas instantâneas, líderes instantâneos, tudo
instantâneo! Nada pode esperar, e tudo tem que ser como eu quero. As
consequências são óbvias: não só a igreja tem que ser como eu a quero,
com todo o tipo de gratificação instantânea que a cultura popular
oferece, mas o Deus desta igreja tem que ser também moldado à imagem e
semelhança da minha cultura. Não é de se admirar que o nosso povo ande
tão confuso.
Não
sei se este artigo vai ajudá-lo a entender um pouco de si mesmo e das
coisas que lhe cercam. Porém recomendo: não espere entender tudo
instantaneamente... Para terminar, posso dizer que as respostas a estes
problemas todos não aparecem instantaneamente, mas somente quando
observamos as palavras de Paulo em Romanos 12:2 - "E não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus."
Por: Mauro Meister Blog: O Tempora, O Mores
Fonte: Third Millennium Ministries
Postagem Original: Os Filhos de Deus e a Cultura Popular
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