sábado, 24 de dezembro de 2011

TOT VERBA, TOT PONDERA?
Postado por Fábio Bezerra Lima

Você deve estar curioso para saber o que significa a expressão latina Tot verba, tot pondera. Foi usada por Beza, discípulo de João Calvino, para referir-se à sua pregação. Significa: "cada palavra tinha um peso".
Calvino sempre é lembrado como um teólogo, porém nem sempre como um pregador. Como pregador, Calvino é geralmente subestimado (ANGLADA, 2005, p. 57), pois estamos mais acostumados a pensar na figura do “Grande Reformador” ou do “Exegeta da Reforma”. É indiscutível e até um eufemismo pobre chamar a Calvino de teólogo, pois nos círculos de estudos sobre Calvino ele é conhecido como Solus Inter Theologos, ou seja, o maior de todos os teólogos (GOUVÊA, 2000, p.1). Do século XVI ao século XX os seus sermões permaneceram, em sua maior parte, não publicados, e muitos dos manuscritos de seus sermões foram vendidos no começo do século XIX como papel usado.
O intento de Calvino na sua pregação era evangelizar tanto quanto edificar. Em média ele pregava em quatro ou cinco versículos do Velho Testamento e dois ou três versículos do Novo Testamento. Ele refletia sobre uma pequena porção do texto de cada vez, explicando primeiro o texto e depois, aplicando-o às vidas da sua congregação. Os pregadores devem ser como pais, ele escreveu, “dividindo o pão em pedaços pequenos para alimentar seus filhos”.
Por isso, superar a Calvino como pregador é um grande desafio que poucos podem alcançar. Durante a maior parte de seus anos em Genebra, ele pregava duas vezes a cada domingo e, em semanas alternadas, todos os dias da semana também. Isto soma a algo perto de 290 sermões ao ano, um total espantoso, especialmente quando alguém se lembra que ele também ensinava quase todo dia na Academia de Genebra (LOPES, 2004, p. 50). Parker (apud LOPES, 2004, p. 48), ao considerar a freqüência e motivações da pregação de Calvino, afirma:
Domingo após domingo, dia após dia, Calvino subia as escadas do púlpito. Ali, ele guiava pacientemente sua congregação, versículo-por-versículo, livro após livro da Bíblia. O que o levava a pregar e pregar como fazia? O impulso ou compulsão para pregar era teológico. Calvino pegava porque cria. Pregava como fazia por acreditar no que fazia.
Ainda sobre a freqüência com que Calvino pregava, afirma David Larsen (apud LOPES, 2004, p. 49):
Durante os quatro anos de Calvino em Strasburgo, quando pastoreou a igreja francesa, ele pregava quase todos os dias e duas vezes aos domingos. Até sua morte o púlpito foi o coração do seu ministério. Ao ser chamado de volta a Genebra, em 1541, retomou sua exposição no versículo seguinte de onde havia parado. O hábito de pregar duas vezes nos domingos e em semanas alternadas em um serviço noturno diário continuou em Genebra. Ele pregava de improviso, isto é, sem um manuscrito. Um estenógrafo pago registrava os seus sermões. Ele consecutivamente passava de livro para livro.
O objetivo dos autores deste blog, amantes da pregação, é restaurar Calvino como pregador.
Espero que os textos aqui publicados ajudem você, pregador, a continuar amando a pregação.

Sejam bem vindos!


REFERÊNCIAS:
ANGLADA, Paulo. Introdução à Pregação Reformada. Ananindeua. Knox Publicações. 2005.
GOUVÊA, R. Q. A Importância de João Calvino para a Teologia e o Pensamento Cristão. In: João Calvino. São Paulo: Novo Século, 2000.
LOPES, Hernandes Dias. A importância da pregação expositiva para o crescimento da igreja. São Paulo: Candeia, 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário